Há dias morreu a minha mãe. Há cerca de 5 anos morreu o meu pai. Só por si, nada de extraordinário, isto é, pessoalmente é extraordinário porque são os meus pais, mas, a realidade da vida é isso mesmo, o seu desfecho com a morte. Sucedeu-me a mim e sucederá a toda a gente.
Inevitável.
A morte é uma verdade existencial inquestionável e com ela aprendemos a viver, aceitando-a, ora inconformados, ora pacificados.
Se são os nossos pais, sentimos a dor. Se são os pais dos outros, percecionamos a sensação de dor.
É assim, uma realidade que doi. Uma dor à qual não se pode fugir por isso mesmo, porque é uma realidade.
E entretanto?
Entretanto vivemos.
Vivemos e não devemos viver a pensar na morte. Não devemos viver a aprender a lidar com a morte porque isso é uma perda de energia.
A morte é uma realidade, conhecida, evidente, factual. Todo o tempo que se perca a aprender a lidar com ela é uma perda de energia vital.
É como a fome. Já sabemos que ao fim de umas horas sem comer vem a fome e, quando chegar, come-se.
Não se pode lidar com o dia a pensar na fome, se vem, se não vem, e como reagirei aos primeiros sinais de fome.
Impossível viver assim.
A vida consciente deve ter como foco a energia para a construção de cada dia que se nos apresenta pela frente.
Como alicerces dessa construção está o despertar com tolerância e o adormecer com esperança. Pelo meio, entre o despertar e o adormecer, estão as relações com os outros, a criatividade para as dificuldades, o altruísmo para com os dificultados e o empenho no trabalho.
E, para tudo isto, quer seja com um sorriso quer seja com introspeção, é necessário energia, energia da vida. Energia que não se consegue com as calorias da alimentação nem com suplementos vitamínicos.
Isso ajuda, é evidente, mas não é a energia motivacional que os dias precisam.
Para que todos os mortais possam viver sem a presença dessa imagem, a imagem de um mortal, é fundamental a motivação, a energia motivacional, a energia vital. É uma energia que nos faz carregar o corpo e inspirar a mente.
E onde está essa energia?
Em nós. Precisamente em nós. Precisamente no próprio mortal.
A energia vital, motivacional, está em nós e acedemos a ela se nos focarmos em nós.
Se nos focarmos na vitalidade que tem o nosso corpo, o nosso olhar, o nosso paladar, o nosso tato e nosso olfato e… o som que nos rodeia.
Reparemos nisso e na simplicidade que o dia tem. Todos os nossos sensores estão ligados a toda a hora e só precisamos de estar focados neles.
A toda a hora os nossos sensores nos dizem que estamos vivos e preparados para a vida. Só temos de fazer isso. Viver. Viver de acordo com os sentidos.
Viver cheirando, escutando, vendo, tocando e saboreando.
A energia vital está em nós, captada pelos sensores humanos, para ser usada no que nos surge pela frente. Simples.
Esta é uma fonte esgotável de energia.
Entreguemo-nos à vida.
Felicidades.
José Miguel MM