E se o estado fosse gerido como uma empresa?
Se o país (finanças públicas) fosse gerido como uma empresa, arriscaria dizer que é económica e financeiramente muito débil e cuja gestão dos últimos 17 anos não lhe acrescentou nada de novo. Não se limitou apenas a andar para a frente como piorou brutalmente nos últimos 10 anos.
Portugal está perto de um estouro. É uma questão de tempo mas é inevitável.

Vejamos os factos, apoiados pela figura do Jornal de Negócios (20 fev 2017) e vídeo do Expresso (4 mai 2017):


FACTOS
– A orçamentação das receitas e despesas do estado sempre foi deficitária, à exceção do período do Estado Novo.
Quer dizer que as receitas (impostos, taxas, etc…) não são suficientes para todos os custos da máquina do Estado, quer sejam pessoas ou serviços.
É sabido que todo o défice orçamental acabará por ser compensado por mais dívida ou por mais impostos.
Porém, para que não exista recurso a dívida é preciso que a máquina do estado viva com as receitas que obtém e que a economia cresça (PIB).
Portanto, uma gestão virtuosa é manter um défice nulo ou até positivo e promover medidas que façam o PIB crescer.
São coisas parecidas e muito ligadas e daí usar-se o indicador DÍVIDA/PIB (%).

– A Dívida sempre esteve abaixo de 50% do PIB, ou seja, se tínhamos uma economia nos 100 de PIB, a dívida não passava de menos de metade desse valor. Esta relação sempre esteve muito controlada até 2000.
Controlado quer dizer que, apesar de haver défice orçamental, as medidas de gestão faziam crescer o PIB e assim mantinham a relação na casa dos 50%. Muito bom.
A partir de 2000 foi o descalabro total.
Desde então, nunca mais parou. Passou os 100% em 2011 (entrada da Troika) e já vai em 130%. Deverá terminar o ano 2017 próximo dos 135%, creio.

– Fica fácil perceber pelos gráficos que, défices orçamentais geram dívida e quanto mais altos forem mais exigência põe sobre o aumento do PIB e se o PIB não cresce a condizer,… PUM!!!

PUM
Com uma dívida na ordem dos 250 mil milhões de euros e a pesar 135% do PIB, creio que o país está à beira de um colapso.
Se a economia externa, por via das bolhas de alguns mercados ou por outra razão qualquer, recuar e entrar em cuidados continuados, Portugal será novamente resgatado e vamos passar muito mal porque será uma espécie de “gripe mal curada”, que é pior que a gripe em si mesma.
Portugal não tem autonomia de gestão e o sentimento positivo que vivemos, quer por ter cumprido o plano da Troika quer porque estamos a repor condições salariais, é ilusório. Não é uma satisfação sustentável. A economia não está bem. Está a evoluir porque estava muito baixa. Sobe porque caiu muito.

A gestão do país só será sustentável quando conseguir que o crescimento do PIB seja, em anos sucessivos, em ordem de grandeza superior ao défice orçamental, ou seja, se o défice é de 2pp, então o crescimento do PIB tem de ser maior que 2pp.
A grosso modo e para quem não é economista e muito menos especialista em macro economia, acho que esta deveria ser a realidade a perseguir nos anos que se seguem pois só assim se evita um… PUM!!!​

Portugal não está bem.

José Miguel Marques Mendes
CEO