O título deste texto é uma afirmação, evidentemente, e não tem ironia alguma implícita.
Faço a afirmação sem qualquer cuidado e apenas sensibilizo para o termo “amigo” num contexto empresarial e de negócios.
Os bancos são amigos das empresas mas têm de ganhar dinheiro.
Os bancos são amigos das empresas mas não podem perder dinheiro no seu financiamento.

Os bancos têm de ganhar dinheiro porque são empresas com fins lucrativos (a sua maioria) e o lucro é condição necessária para a continuidade e sustentabilidade da economia.
Os bancos não podem perder dinheiro porque uma fatia significativa desse dinheiro é nosso e as perdas (resultados negativos) podem ferir de morte as relações de confiança com os clientes depositantes.

Há, no entanto, uma opinião generalizada de que os bancos são uma espécie de “abutres” e sempre que podem aumentam os spreads às empresas, tornando os custos do dinheiro uma coisa absolutamente insuportável.
Mais, a determinado momento os bancos cortam mesmo o financiamento às empresas colocando-as em asfixia operacional.
São estes dois pontos, custos do dinheiro e carência de capital, que fazem gerar esta sensação de inimizade por parte das empresas.

Pois bem, há uma reflexão que pode ajudar a entender a razão de tal atitude, nos custos e na carência do dinheiro, e que deve ser feita dentro das empresas.
Até os nossos melhores amigos por vezes se afastam de nós e isso acontece quando não gostam do nosso comportamento pois, mesmo dando-nos sinais de que devíamos mudar de atitude, nós não damos ouvidos.
Os amigos não têm de “morrer connosco”. São amigos e podem ajudar-nos se os deixarmos ajudar.
Nas empresas é a mesma coisa.
Os comportamentos da gestão menos adequados originam resultados desinteressantes e os bancos tendem a reagir no pior sentido.
Os bancos, numa iniciativa amiga, costumam dar sinais às empresas sobre a sua interpretação das contas e dos resultados, numa lógica de quem quer fomentar a relação porém, os empresários e gestores vão-se considerando acima desses conselhos mantendo as práticas e os costumes.

Esta é a minha reflexão.

José Miguel Marques Mendes
CEO