A liberdade que Portugal conquistou no 25 de abril de 1974 é uma. É democrática, social e económica. É uma liberdade de valores e de expressão. É a liberdade que todos os povos anseiam porque nela habita uma sensação de felicidade.
Habita uma sensação de felicidade mas daí a ser felicidade vai um bom pedaço.
A liberdade conseguida, conquistada em Portugal, com exemplos noutros pontos do globo, tão ambicionada pelo coletivo humano, não me parece que tenha resultados diretos individuais.
De facto, atrevo-me a dizer que a felicidade nas pessoas é uma carência evidente. Uma carência instalada. As pessoas, individualmente, procuram, procuram mas não encontram a felicidade.
Têm dias!
Não sabem bem porquê mas têm dias em que se sentem felizes. Não sabem bem porquê mas têm dias em que se sentem infelizes. Não sabem bem porquê mas têm dias em que se sentem…assim, assim.
Digo que não sabem bem porquê porque se soubessem não havia tanta variabilidade. Teriam dias mais consistentes. Teriam a sensação de felicidade mais constante.
Andavam mais conhecedores do seu ânimo.
É claro que em cada dia em que se sentem de uma ou de outra maneira, logo procuram encontrar uma razão para o estado de (in)felicidade. Ou é o tempo, ou é a noite dormida, ou é um amigo que disse algo ou que fez uma coisa, ou um familiar que isto ou aquilo, enfim, logo se apressam a explicar porque se sentem de uma forma e, ilusoriamente, essa justificação encontrada nas arrumações da mente “dá um porque” ao estado de espírito nesse dia.
E assim se vai governando o ser humano.
Talvez por esta liberdade mental pouco conhecida, pouco aprendida, que as depressões têm aumentado. Os estudos não deixam dúvidas de que o ser humano, as pessoas, estão mais infelizes, mais deprimidas.
Estes estados emocionais têm um brutal reflexo na sua qualidade de vida individual e coletiva. Nas famílias e nas empresas. Na forma como as pessoas fazem evoluir a qualidade das suas relações e a produtividade das equipas de trabalho.
Viver em estado de felicidade ilusória ou depressão é a mesma coisa. É uma questão de tempo. Viver iludido que está bem é apenas uma questão de tempo para perceber que andou uma vida a enganar-se. Achar que anda bem, que está tudo bem, que sei onde estão as razões para tudo o que sinto, é meter a cabeça debaixo da areia com consequências sérias para si e para os que o rodeiam.
Pode uma pessoa nunca chegar ao estado depressivo clinicamente diagnosticado mas, não tenho dúvida que, andar em estado de infelicidade é andar a espalhar infelicidade por aí. Anda a contaminar a vida dos outros.
É a liberdade na sua plenitude.
Atenção. Mesmo o que se julga a gerir esse estado de negatividade, acaba a contaminar o espaço dos outros.
Isso nota-se por todo o lado.
É a liberdade!
José Miguel Marques Mendes
Administrador