Há milhares de anos que a humanidade procura a felicidade. Não vivi todos esses milhares mas os registos dos tempos deixam transparecer essa famigerada busca. A busca do ouro da vida.
Já se percebeu que o dinheiro, a fama e até mesmo a saúde não são sinónimos de felicidade nem sequer o seu corolário. Pode ser um meio para tal, pode ser uma forma de lá chegar, pode ser apenas uma passagem no caminho da busca mas, definitivamente, não é a própria felicidade.
Também já se percebeu que a felicidade não vem em nenhum manual de vida, não acontece só por ler este ou aquele livro, não vem porque se compra esta ou aquela formação, ou porque se tem esta ou aquela família, este ou aquele emprego, nem se deve a uns determinados amigos ou determinada cultura.
Não!
A felicidade é um bem tão escasso, tão dificilmente encontrado, tão indefinível que parece que não está em lado nenhum. Mas ao mesmo tempo é tão surpreendente que às vezes parece estar em todo o lado.
Nuns dias não existe e noutros dias parece que esteve “lá” sempre. É tão inconstante, tão variável que muitos pensamos que é casuístico. Os mais céticos e racionais tendem a buscar fatores correlacionáveis para criar os padrões que potenciam o aparecimento da fidelidade. Mas mais adiante percebem que mesmo reunindo os mesmos fatores, tangíveis e intangíveis, a felicidade não surge nos mesmos moldes.
As sensações que se vivem no dia a dia variam de tal maneira que não pode ser a felicidade.
A saúde, quando se tem, é mais constante que a felicidade.
A riqueza, quando se tem, é mais constante que a felicidade.
A felicidade (a que se julga que é) varia brutalmente.
Numa era em que as empresas procuram ambientes felizes para potenciar a produtividade, dever-se-á dar atenção ao fenómeno individual, primeiro.
O ambiente coletivo é importante mas não é possível evoluí-lo sem a evolução das partes, sem cuidar do individual.
Se uma empresa tem 100 pessoas, há que cuidar do ambiente interno, inevitavelmente, mas, essencialmente, dar atenção às 100 pessoas. Ajudá-las a serem felizes no seu próprio ambiente… interno. Encontrarem-se nesse interior tão próximo mas tão difícil de aceder, não é nada transcendente apesar de ser novo na nossa cultura.
Abordamos tanto a inovação empresarial que inovar na procura da felicidade deveria ser uma prioridade, uma vontade elementar.
Por isso não se tem encontrado a felicidade. Andamos a procurar no local errado. Andamos a fazer a busca no sentido errado e na forma errada.
E porquê?
Por um lado, por desconhecimento (o maior dos sofrimentos) e, por outro lado, por medo (olhar para nós mesmos dá medo, o maior de todos os medos).
Creio, por isso, ser fundamental iniciar-se já e com determinação, a implementação de ações que fomentem o autoconhecimento e a autoconfiança. As pessoas precisam de saber mais de si para se sentirem mais seguras.
É possível ajudar as pessoas a serem melhores profissionais, com formação técnica especifica, mas também é possível ajudar as pessoas a serem melhores pessoas. Não propriamente “pessoas boazinhas” mas sim pessoas mais serenas e confiantes dos seus talentos, dons e debilidades.
Enfim, o que está escrito não só foi escrito por mim como foi sentido por mim. Não tem base científica. É uma reflexão com o valor que cada um lhe quiser dar, como todas as coisas na vida, inclusive a felicidade.
José Miguel Marques Mendes
Administrador