Estou impressionado, sinceramente.
Porém, começo este texto por desejar êxito a todos os profissionais e entidades que procuram o controlo do fenómeno.
Hoje tenho de reconhecer que estou impressionado, talvez por ser a primeira vez que presto atenção profunda a um fenómeno destes, mesmo que ele não me toque pessoalmente. Portugal não tem registado casos muito menos mortes. Quando assim é temos tendência a “achar que é uma coisa que se passa lá…”
Este tema agarrou as minhas atenções desde o momento em que presenciei a duplicação de mortes de um dia para o outro e a China decidiu fazer um hospital em 10 dias. A partir daí nunca mais desfoquei do tema.
Sem alarmismos, até porque isso não ajuda nada, tem-se vindo a comparar o Covid.19 com o SARS.2002 e o MERS.2012, nomeadamente por estes terem uma taxa de mortalidade muito mais alta que o Covid.19.
Sinceramente, estou a passar ao lado da taxa de mortalidade e o meu impressionismo vem de:
A) Com quase 3.000 mortes, o Covid.19 já regista o triplo do sucedido com o MERS ou SARS;
B) Disperso por 60 países, o Covid.19 já duplicou o que sucedeu com cada um dos outros;
C) 2 meses depois da suposta origem, a incerteza sobre a sua evolução é enorme. Muito menos visão sobre a cura.
Portanto, uma coisa é ter uma taxa de mortalidade alta em dispersão baixa, outra coisa é ter uma taxa de mortalidade baixa em dispersão alta.
O Covid.19 tem uma taxa baixa mas com espectro à escala global.
Mais, além das impressionantes mortes em valor absoluto, antecipo a frieza das consequências económicas.
Os mercados bolsistas, onde se aprecia o valor das empresas, registaram uma queda de 15% em poucos dias. A intensidade da queda é um sinal sério de desvalorização das próprias empresas.
Com toda a incerteza na propagação do Coronavírus é natural que as relações comerciais se deteriorem mais e com isso perdas nas produções e vendas.
Portanto, à medida que se tenta encontrar a forma de travar o fenómeno, já se começa a desenhar um cenário de recessão económica mundial.
Temos que desejar sorte, sucesso, êxito a todos os que estão na linha da frente no combate à epidemia, mas também começar a olhar para o desenho de potenciais contingências empresariais.
Há coisas que não dependem de nós mas há outras que podemos desenvolver.
Portugal até pode sentir um baixo impacto do Coronavírus mas… exporta muito. Importa bastante. Empresarialmente vive num mercado global.
Finalizando num jeito mais espiritualista, este fenómeno da humanidade só vem mostrar que o homem, por mais inteligente e ambicioso que seja, tem de saber viver com a humildade de que nada controla.
José Miguel Marques Mendes
Administrador
1 de Março de 2020